Caju de Leitores reuniu cerca de mil pessoas em dois dias de evento na Aldeia Xandó
Com atividades para crianças, adolescentes e adultos, o evento promoveu a literatura indígena e a valorização da ancestralidade
O Festival Caju de Leitores reuniu cerca de mil pessoas em dois dias de evento, mostrando sua importância e legado cultural pelo terceiro ano consecutivo. Realizado nos dias 3 e 4 de setembro na Oca Tururim, na Aldeia Xandó, TI de Barra Velha, distrito de Caraíva (BA), o evento contou com a presença de estudantes, professores, indígenas e público da região.
Com o tema 'Território – O Brasil é Terra Indígena', as manhãs foram dedicadas às crianças, com apresentações artísticas, contação de histórias, dança e brincadeiras. Os adolescentes também participaram de conversas sobre literatura indígena e expressão artística. Ao todo, 9 escolas indígenas e outras não-indígenas estiveram presentes, com cantinho de leitura, feira de artesanato e venda de livros indígenas.
As tardes foram marcadas por mesas de conversa sobre temas como Território de Identidade, Conceito de Território, Território Digital e Território Cultural, abordando questões como pertencimento, preconceito, ancestralidade, literatura e presença digital. Além disso, houve apresentações culturais, histórias sobre os encantados e música.
ÚNICO NA REGIÃO
"O 3º Festival Caju de Leitores tem se destacando como um evento cultural único e de grande importância e singularidade em toda a nossa região", avaliou Joanna Savaglia, organizadora do evento.
"Reunindo autores, artistas e o público em uma celebração da literatura e da cultura indígena, o Caju desempenha o papel de promover a permeação, a resistência, a imersão e o reencontro com a natureza ancestral do público. Além disso, serve como um espaço de interlocução, proporcionando a oportunidade de vivenciar de perto a magnífica cultura Pataxó, suas dores e suas heranças", complementou,
IMPRESSÕES DO PÚBLICO
A escritora e ilustradora Irene Prado, residente de Arraial d'Ajuda, marcou presença pela segunda vez no Caju de Leitores. Em 2023, ao explorar obras de autores indígenas, ela teve uma inspiração que a levou a repensar sua abordagem na escrita, optando por mergulhar nas memórias de sua mãe e explorar sua própria ancestralidade. "O resultado desse processo criativo foi a criação de um livro ilustrado sobre o luto vivenciado por minha mãe, uma obra que ressoou profundamente com minhas raízes ancestrais".
O vice-Cacique da Aldeia Pataxó Novos Guerreiros, Fábio Pataxó, marcou presença nos dois dias do Caju de Leitores, acompanhando os membros da comunidade que se apresentaram durante o Festival. Ele ressaltou a importância do evento em destacar as obras literárias indígenas e enfatizou a necessidade de ampliar os espaços de expressão para os povos indígenas.
"É fundamental reconhecer a importância da literatura em nossa cultura e integrá-la à Educação indígena, respeitando e valorizando nossas tradições. É por meio da literatura que podemos nos expressar e compartilhar nossa história", afirmou Fábio Pataxó.
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