Obras de Frans Krajcberg criadas em Nova Viçosa são aclamadas longe do município

As riquezas naturais de Nova Viçosa foram o cenário escolhido pelo artista e ativista ambiental polonês, Frans Krajcberg, para criar algumas de suas obras mais reconhecidas, que o consagraram como uma referência da arte contemporânea brasileira. Naturalizado brasileiro, ele viveu por anos no município e, a partir da natureza local, produziu esculturas utilizando elementos como troncos queimados, raízes e cipós, obras que expandiram sua influência e conquistaram reconhecimento mundial.
Apesar de ter sido o berço de magníficas criações artísticas de Krajcberg, Nova Viçosa ainda não possui um museu próprio que abrigue e celebre esse legado. As obras que nasceram no Sítio Natura (espaço onde o artista viveu e produziu) foram transferidas para outros centros culturais brasileiros, como São Paulo, onde mais de 50 peças seguem expostas no Museu de Arte de São Paulo (MASP) até o dia 19 de outubro de 2025.
Enquanto essas obras atraem entusiastas da arte em outras cidades do país, a ausência delas em Nova Viçosa representa um desperdício da oportunidade de preservar referências fundamentais que ajudam a contar sua história e moldar sua identidade. Essa lacuna reflete diretamente no potencial econômico do município, que, nos últimos anos, tem apostado na valorização de sua cultura e de sua riqueza histórica como vetor de fortalecimento do turismo, buscando atrair cada vez mais visitantes e fomentar sua economia.
Sobre o artista
Frans Krajcberg (1921–2017) foi um dos principais nomes da arte e do ativismo ambiental no país. Sobrevivente do Holocausto nazista durante a Segunda Guerra Mundial, formou-se em engenharia e artes, viveu em Paris e em diversas cidades do Brasil antes de escolher Nova Viçosa, em 1972, como refúgio e inspiração. No município, viveu cercado por uma floresta que ele mesmo plantou e criou obras a partir de troncos e raízes carbonizados por queimadas. Denunciou o desmatamento, defendeu as tartarugas marinhas do litoral baiano e sempre preferiu ser lembrado como militante ecológico, não apenas como artista.
Portal SBN | Lucas Queiroz