Internet e cultura indígena norteiam segundo dia do Caju de Leitores
O segundo dia do Festival Caju de Leitores foi marcado por histórias envolventes, música cativante, internet e a riqueza da língua Patxohã. Mais do que simples contos, o evento buscou resgatar a essência dos povos originários, destacando a cultura indígena em sua totalidade.
As narrativas de Auritha Tabajara e Lucia Tucuju encantaram as crianças presentes, estimulando a imaginação de todos. As lideranças Pataxó, Pajés Ouriço e Akitxawâ, compartilharam a sabedoria da medicina das plantas e dos ancestrais, enriquecendo ainda mais o evento. A oração, Awê, e a musicalidade transcendental das línguas presentes tornaram a 3ª edição do festival ainda mais especial, ultrapassando fronteiras e conectando culturas.
TERRITÓRIO DIGITAL
A mesa de conversas Território Digital abordou a atuação das diversas mídias na apresentação da cultura indígena para o mundo. Tukumã Pataxó, Samela Mawê, Daniel Pataxó e Túlio Foi Pescar debateram como a presença digital dos povos indígenas tem sido fundamental no combate ao preconceito e na promoção do conhecimento e reconhecimento de suas comunidades. A resistência indígena foi enfatizada durante o debate.
“Meu início no digital foi por perceber que não existiam representantes indígenas e por sentir a necessidade de falar o que passamos em nosso território e sobre o preconceito. A maior dificuldade do indígena é quando tem que ir para a cidade, em busca de uma formação e do pertencimento. O território digital não tem fronteiras e a nossa voz vai para todo o Mundo. Hoje eu estou levando meu povo até para fora do Brasil e inspirando outros indígenas”, compartilhou Tukumã.
A mesa que encerrou o Caju de Leitores explorou o tema do Território Cultural, com a participação de Pajé Niomaktxi, professora Iane e Tohô Pataxó. O debate ressaltou a importância da Língua Patxohã como instrumento de preservação da cultura indígena.
PARTICIPAÇÃO
O professor da Rede Municipal de Eunápolis, Fábio Peixoto, de 47 anos, participou pela primeira vez do evento e destacou a importância de conhecer o Caju e aplicar o conhecimento adquirido em um projeto de tese sobre Educação Indígena na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Apaixonado pela cultura indígena, ele elogiou o conteúdo rico e incrível do Festival Caju de Leitores. “Sou apaixonado pela Cultura Indígena e achei incrível e riquíssimo o conteúdo do Festival Caju de Leitores, espero que possa participar muito mais vezes”, relatou.
O pedagogo e mestre em Educação, Gilberto Pereira Fernandes, de 44 anos, compartilhou sua experiência no Caju de Leitores. Para ele, o festival foi uma oportunidade de reconexão com a comunidade e a natureza. “O contato com a natureza e a sensação de pisar na areia se tornam um processo de re-aprendizado e imersão, especialmente para aqueles que vivem uma realidade distante da natureza”. Para Gilberto, participar do festival significou se desprender para aprender e relembrar sentimentos e sensações vividos na infância.
REPRESENTATIVIDADE
A advogada e Coordenadora da educação Escolar Indígena da Secretaria de Educação do Estado da Bahia, Andréia Santana, fez uma visita ao Caju de Leitores e ficou impressionada com a diversidade cultural e a receptividade dos povos originários, bem como a presença de turistas e moradores locais. Andréia destacou a riqueza das histórias compartilhadas, o conhecimento dos povos indígenas e a arte local.
“Estou maravilhada com tudo o que vi, da paisagem como um todo. Me senti em casa com a empatia, afetividade e carinho recebidos. Levo pra casa a sabedoria das histórias que foram contadas, do conhecimento dos povos indígenas e do artesanato exposto pela comunidade”, ressaltou.
PORTAL CBN | COMUNICAÇÃO BRASILEIRA DE NOTÍCIAS